sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A Unificação dos Títulos Brasileiros: Descaso da CBF


A Confederação Brasileira de Futebol decidiu que serão unificados os títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa ao Campeonato Brasileiro. Pronto, começou a onda de debates na imprensa esportiva brasileira. As teses, tanto dos que apoiam quanto dos que discordam, são geralmente bem embasadas. Isso causa, até nos mais experientes comentaristas esportivos, dúvidas e duplos pontos de vista sobre a justiça ou não da tal 'unificação'.

A principal questão não é a discursão que obviamente todos sabíamos que aconteceria: a divisão de opiniões entre achar justa ou injusta a decisão da 'sempre democrática' CBF (com o perdão da ironia). O fato que mais preocupa nessa decisão passa longe da questão de ter sido ou não, o Pelé, campeão em campeonatos brasileiros. Ser ou não, o Palmeiras, octacampeão brasileiro. Ter sido o Bahia ou o Atlético Mineiro o primeiro campeão. Tais questões até são significativas para os torcedores, uma vez que dão bastante assunto às 'chacotas' entre os rivais. O que mais preocupa é a forma como a CBF tratou o assunto, a maneira como decidiu e a importância que deu ao estudo da história do futebol brasileiro. É impressionante como a soberania dessa entidade trata com desdém algumas questões importantes.

É preciso observar a forma como o assunto chegou até a CBF, e entender que não houve esforço em ouvir lados opostos no que diz respeito a aceitação da proposta. O dossiê do Jornalista Odir Cunha serviu como única base de argumentos para o reconhecimento da Taça Brasil e da Taça de Prata como campeonatos nacionais com o mesmo peso do atual Brasileirão. O senhor Ricardo Teixeira não ouviu mais de uma parte, mais de um argumento, não criou sequer uma comissão para analisar a questão, com profissionais da área esportiva qualificados a tomar uma decisão baseados em um estudo mais dedicado da história do nosso futebol.

A visão geral é que realmente os campeonatos que antecederam o Brasileiro de 1971 tiveram sua importância e por isso mereciam um reconhecimento maior. Bem como o Pelé, maior jogador de todos os tempos, merecia ganhar o titulo de campeão brasileiro. Mas apesar disso a CBF cometeu equívocos como considerar com o mesmo peso as duas competições nacionais dos anos de 1967 e 1968, dando então dois títulos ao Palmeiras em 67, por ter sido campeão da Taça Brasil e da Taça de Prata. O que seria como, nos dias de hoje, dar dois títulos brasileiros ao ganhador da Copa do Brasil e do Brasileirão em um mesmo ano.

Faltaram critérios e uma avaliação mais preocupada com a coerência. Com tantas questões em evidência mediante a Copa do Mundo no Brasil, como, por exemplo, atrasos em construção de estádios, passa-se a impressão de que assuntos como a unificação dos títulos brasileiros não merecem uma atenção maior e são decididas assim, à torto. Esse assunto que já rende mais do que deveria parece tirar um pouco o foco da mídia de outras atitudes da CBF igualmente (ou ainda mais) autoritárias e ais políticas do que esportivas. Principalmente com relação a 2014.





* Maiores beneficiados, o Santos e o Palmeiras passaram a ter a hegemonia em títulos brasileiros, com oito cada um. Também ganharam com a unificação o Cruzeiro, Bahia, Botafogo e Fluminense.

Um comentário:

  1. Ótimo texto elaborado pelo Erick Lima do Rio de Janeiro, sempre colaborando com nosso blog

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